Good to see you here …

… together we will "ecoharing" joy, harmony and love. Recycle, redistribute, unite - ecohar - this is the concept. Profit is right, inclusion is about. Section 2.5 is trend, future, world transform(ACTION). Finding it hard? I do not. I believe EVERYTHING is only one version of NOTHING IS IMPOSSIBLE ! Feel the will ... take your seats ... XIXIXiixiixiixiii …

the lights dimmed, the curtain is rising. The show will be

AMAZIN@@@@@@@ !!!

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

"DOCUMENTÁRIO - Últimos Refúgios: Reserva Biológica de Duas Bocas"




O documentário "Últimos Refúgios: Reserva Biológica de Duas Bocas" compõe a Série Áreas Protegidas e acompanha o livro fotográfico homônimo. O filme, dirigido por Alexandre Barcelos, traz como tema a água e fala de uma das principais características da reserva, a preservação de recursos hídricos.

Com cerca de 20 minutos de duração, o documentário é composto por imagens que revelam a rica biodiverdade preservada pela unidade de conservação. Além disso, traz depoimentos do gestor da Reserva Biológica de Duas Bocas, Rafael Boni, da arquiteta Cristiana Angel, do artista plástico Júlio Tigre e do engenheiro civil Celso Caus, que lançou recentemente o livro "Das fontes e chafarizes às águas limpas", sobre a história do saneamento no Espírito Santo.

"Últimos Refúgios: Reserva Biológica de Duas Bocas" teve o apoio do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA) e patrocínio da CESAN.

*** Para saber mais detalhes sobre o Instituto Últimos Refúgios e seus projetos, acesse: www.ultimosrefugios.com.br ou http://www.facebook.com/ultimosrefugios
©2013 YouTube, LLC 901 Cherry Ave, San Bruno, CA 94066

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Babette Mangolte no Inhotim -- Inauguração 2013

http://www.youtube.com/v/8zrkxPF-2_4?autohide=1&version=3&autohide=1&feature=share&attribution_tag=msCx78PfU1GInV-Fiu4kww&showinfo=1&autoplay=1

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Nos bastidores do planeta !


Você já imaginou quanto de lixo cada brasileiro produz? De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, são cerca de 1,1 kg por dia. E esse resíduo pode trazer benefícios, se for corretamente descartado! A reciclagem, além de retirar os resíduos do meio ambiente e transformá-los em outros produtos, promove geração de renda para muitas famílias.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013


17 de outubro de 2013 - As celebrações deste ano do Dia Internacional Para a Erradicação da Pobreza chegam quando a comunidade internacional está a levar a cabo dois objetivos: intensificar esforços para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio e formular o novo quadro de objetivos, oferecendo um sentido de orientação aos nossos esforços uma vez chegado ao fim o prazo dos ODM em 2015. Esta agenda pós-2015 tem de colocar a erradicação da pobreza como a sua maior prioridade e o desenvolvimento sustentável na sua essência. Apesar de tudo, a única maneira de tornar a erradicação da pobreza irreversível é colocando o mundo num caminho de desenvolvimento sustentável.
Temos muito trabalho pela frente. Enquanto os níveis de pobreza têm registado quedas significativas, o progresso não tem acompanhado esta tendência. O nosso sucesso impressionante em reduzir a pobreza para a metade, não nos deve fazer esquecer o facto de que mais de 1.2 mil milhões de pessoas ainda vivem na pobreza extrema em todo o mundo.
Muitos, especialmente mulheres e raparigas, vêem o seu acesso vedado a serviços de saúde e saneamento adequados, tal como uma educação de qualidade e o direito a uma habitação digna. Muitos jovens estão desempregados e não têm qualificações para responder às exigências dos mercados. A desigualdade crescente em muitos países, tanto pobres como ricos, está e fomentar a exclusão das esferas económicas, sociais e políticas e sabemos que os impactos das alterações climáticas e a perda da biodiversidade atinge os mais pobres com maior intensidade. Tudo isto justifica a necessidade de instituições fortes e com capacidade de resposta.
Precisamos de fazer o esforço de ouvir e agir por aqueles cujas vozes não são geralmente ouvidas: pessoas a viver na pobreza e em particular entre essas, os índios, as pessoas mais idosas, aqueles que vivem com deficiências, os desempregados, emigrantes e minorias. Temos de os apoiar na sua luta para fugir da pobreza e dessa forma construir melhores vidas para eles e as suas famílias.
Se quisermos perceber o futuro que queremos para todos, temos de ouvir e prestar atenção aos apelos dos marginalizados. Ao longo do último ano, a ONU tem feito precisamente isso, liderando uma conversa global sem precedentes sobre o que as pessoas querem. Esse diálogo tem de continuar e levar à inclusão ativa e significativa das pessoas que vivem na pobreza, enquanto mapeamos um caminho para terminar com a pobreza em todo o lado.
Juntos, podemos construir um mundo de prosperidade, paz, justiça e igualdade: uma vida digna para todos.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Jóias Amazônicas


cristina franco bijuEssa semana durante o Vogue Fashion’s Night Out a jornalista de moda Cristina Franco esteve presente de duas formas.  Uma foi através de um bate papo junto com o diretor de moda da Vogue Giovanni Frasson e outra foi através da curadoria do seu projeto Universo PARAlelo. Para a exposição que aconteceu no Lounge Clube Rio no Rio Design Barra, a jornalista escolheu biojóias artesanais feitas com materiais amazônicos como madeira, chifre, osso, fibras vegetais, misturados a prata, gemas brutas e lapidadas. A confecção dessas peças foi toda feita em parceria entre designers e artesãos da própria região. Além de conferir o trabalho minucioso desses artistas quem passou por lá poderia comprar as peças também.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Você tem sede ? TODOS tem !

"As crianças têm direito a um nível de vida digno." Por isso vamos
 todos ficar juntos para que nunca lhes falte comida, roupa, abrigo,
 etc. Todos Juntos pelas crianças."




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"ecoharemos" mais um projeto. Entenda melhor...


Entenda melhor a importância deste projeto. A ecohar estará ministrando sobre três temas que farão toda diferença ! Você é nosso convidado especial. As aulas serão gratuitas.
Horário e temas das palestras:
Sábado 28/09 às 20:50 até 21:20 - "Normose"- Reciclando a mente e liberando o processo criativo.
Sábado 28/09 às 21:40 até 22:00 - Equilíbrio e Harmonia entre o meio-ambiente e o indivíduo
Quarta-feira 02/10 às 15:20 até 15:50 - Setor 2.5 - Uma tendência mundial.
Nesta semana o diretor da Casa Mais Família, Fabrício Fabre, foi entrevistado por Wesley Sathler em seu programa para a Record News.
Na entrevista Fabrício falou sobre as novidades da Casa Mais Família no Shopping Vitória, aulas show e a importância do projeto.

terça-feira, 17 de setembro de 2013



Que esta imagem passe por todo o mundo.
Enquanto as revistas e televisão falavam sobre a vida de celebridades, 
o Chefe da Tribo "Kaya po" recebeu a pior notícia de sua vida: Dilma, a 
presidente do Brasil, deu sua aprovação para a construção de uma grande 
central hidroelétrica (a terceira maior do mundo).
A barragem vai inundar cerca de 400 000 hectares de floresta. É a sentença 

de morte para todos os povos que vivem perto do rio.
Mais de 40 mil índios terão que encontrar novos lugares para viver.
A destruição do habitat natural, o desmatamento e o desaparecimento de 

várias espécies são fato!
Sabemos que uma imagem vale mais que mil palavras, e mostra o preço real 

para pagar a "qualidade de vida" do nosso estilo de vida chamado "moderno"
Não há mais espaço no nosso mundo para aqueles que vivem de forma diferente, 

que tudo deve ser nivelado, que todos em nome da globalização, devem perder a 
sua identidade, a mudar a sua forma de vida.A barragem vai inundar cerca de 
400 000 hectares de floresta. É a sentença de morte para todos os povos que vivem 
perto do rio.Mais de 40 mil índios terão que encontrar novos lugares para viver.
Sabemos que uma imagem vale mais que mil palavras, e mostra o preço real para 
pagar a "qualidade de vida" do nosso estilo de vida chamado "moderno".
" A PIOR FORMA DE DESIGUALDADE É TENTAR FAZER DUAS COISAS DIFERENTES IGUAIS "  
                                                                                        (Aristóteles)
                                                          

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Ilhas Cagarras

Hoje, 10.9, às 9h30, descubra os segredos das Ilhas Cagarras em
debate e exibição de filme do Museu do Meio Ambiente.
Informações históricas, dados geomorfológicos das ilhas, além de
conteúdo científico completo sobre a biodiversidade do arquipélago,
transformado em Monumento Natural em 2010, tornando-se a 
primeira Unidade de Conservação Marinha de Proteção Integral do
 litoral carioca, são temas abordados o debate.
Em uma sequência de apresentações, os especialistas em fauna e 
flora marinha Fernando Moraes, Gilberto Amado Filho, Massimo Bovini,
Athila Bertoncini e Fabiana Bicudo discorrerão sobre o processo de
elaboração do livro "História, Pesquisa e Biodiversidade do Monumento
Natural das Ilhas Cagarras", lançado pelo Projeto Ilhas do Rio através
do Museu Nacional, em uma iniciativa do Instituto Mar Adentro com o
patrocínio da Petrobras.
Foto: Hoje, 10.9, às 9h30, descubra os segredos das Ilhas Cagarras em debate e exibição de filme do Museu do Meio Ambiente.    Informações históricas, dados geomorfológicos das ilhas, além de conteúdo científico completo sobre a biodiversidade do arquipélago, transformado em Monumento Natural em 2010, tornando-se a primeira Unidade de Conservação Marinha de Proteção Integral do litoral carioca, são temas abordados o debate.     Em uma sequência de apresentações, os especialistas em fauna e flora marinha Fernando Moraes, Gilberto Amado Filho, Massimo Bovini, Athila Bertoncini e Fabiana Bicudo discorrerão sobre o processo de elaboração do livro

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

E se fosse com você ?


“De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Timóteo 3.12). 

"Quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele; quando um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele." 1 Coríntios 12.26
E se fosse com você ?

sábado, 24 de agosto de 2013

RDC: "Eu subi na moto com a parteira"

RDC: "Eu subi na moto com a parteira"

Dia mundial da malária: Nyota

Dia mundial da malária: Nyota

Manteiga de Karité

Manteiga de karité, o "ouro das mulheres" africanas
Produto gera emprego e renda para milhões de mulheres do continente, que reivindicam um valor justo pelo seu trabalho
Em um hotel de luxo de Manhattan, mulheres trajando tradicionais e coloridos vestidos africanos caminham para uma das salas de conferência. Suas vestimentas proporcionam um contraste fascinante com os ternos cinza e preto ao redor. O público é diversificado, mas se reúne por uma causa: manteiga de karité, produto originado de uma castanha africana e utilizado em cosméticos como loção ou creme hidratante.
A Indústria e Comércio de Manteiga de Karité realizou a sua primeira conferência na América do Norte em maio de 2013. A ocasião serviu para os produtores africanos se encontrarem com os gigantes da indústria de cosméticos, como L'Oréal e The Body Shop. A demanda por manteiga de karité tem aumentado tanto nos últimos anos que os produtores africanos começaram a reivindicar preços justos para o seu trabalho.
Presente nas castanhas das árvores karité, que crescem na região do Sahel, uma vasta área  que se estende de Guiné e Senegal a Uganda e Sudão do Sul, a manteiga, durante séculos, foi chamada de "ouro das mulheres". Além de apresentar rica cor dourada (dependendo da região, também pode ostentar uma cor marfim profunda), gera emprego e renda para milhões de mulheres em todo o continente. Com métodos tradicionais, as mulheres, muitas vezes organizadas em cooperativas, colhem os frutos da karité. Em seguida, esmagam a parte de dentro das castanhas para extrair a manteiga preciosa, que é cozida, limpa, embalada e vendida nos mercados locais ou exportadas. Ela não é tóxica e pode ser usada na culinária, mas seu principal destino é a indústria cosmética.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) estima que cerca de três milhões de mulheres africanas trabalham direta ou indiretamente com manteiga de karité. Os principais países produtores são Nigéria, Mali, Burkina Faso, Gana, Costa do Marfim, Benim e Togo.
Fazendo um bom dinheiro
"Tenho feito um bom dinheiro para a minha família vendendo a manteiga", afirma a vendedora Lucette Ndogo na Marché Central em Douala, Camarões. Ela compra de Burkina Faso a manteiga de karité em massa e vende para os clientes que passaram a confiar na qualidade de seus produtos.
O produtor mundial de óleos de karité comestíveis Antoine Turpin, da indústria holandesa IOI Loders Croklaan, disse ao The New York Times que "karité [manteiga] é uma importante fonte de receita para milhões de mulheres e suas famílias em toda a África. Capacitar essas mulheres economicamente é fundamental para a sustentabilidade do setor". De acordo com oThe New York Times, somente essa empresa adquire cerca de 25% de todas as castanhas de karité colhidas por mulheres na África Ocidental.
Com a demanda por produtos naturais e orgânicos em ascensão no mundo ocidental, manteiga de karité tornou-se forte commodity. A substância é usada para diversos tipos de cosméticos e produtos de cuidados da pele por suas propriedades de cura natural. Serve de base, também, para produtos alimentícios, principalmente, chocolates artesanais e industrializados, como Kit Kat e Milky Way. Confeiteiros usam como um equivalente a manteiga de cacau para dar a chocolates ponto de fusão mais elevado e textura mais suave.
"Ouro das mulheres"
De acordo com o The New York Times, pesquisa realizada pela Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), numa aldeia  de Burkina Faso em 2010, constatou que, para cada US$ 1 mil de castanhas vendidas, foi gerado adicional de US$ 1.580,00 em atividades econômicas, como reinvestimento do dinheiro em outros negócios. As exportações do produto provenientes da África Ocidental geram entre US$ 90 e US$ 200 milhões dólares por ano, de acordo com o jornal. A demanda vem não só de grandes corporações, mas também de milhões de empresários que esperam fazer fortuna na distribuição do "ouro das mulheres".
A alta demanda suscita questões éticas. Pela recente popularidade da karité, aumentou o número de cooperativas de comércio do fruto e de associações que buscam um acordo justo para as mulheres africanas.
Plataforma para troca de ideias
Um relatório do PNUD intitulado L'Occitane em Burkina Faso: mais do que apenas negócios com produtores de manteiga de karité destaca a dedicação da empresa, a sua colaboração com 15 mil produtoras rurais e a utilização do produto em sua linha de cosméticos. De acordo com o relatório, a marca de cosméticos L'Occitane estima que paga entre 20% e 30% a mais do que seria pago por indústrias ocidentais pela manteiga de karité de Burkina Faso. As vendas do produto pela companhia francesa representam cerca de US$123 milhões em receitas anuais para as cooperativas de fornecedores e suas 15 mil mulheres do campo.
No luxuoso hotel de Manhatan, a Aliança Global do Karité organizou a Conferência de Nova York de Comércio e Indústria da Manteiga de Karité para que mais mulheres africanas dessa indústria recebam os benefícios do comércio justo. A Aliança é conhecida por promover o fortalecimento das mulheres e a qualidade e a sustentabilidade no apoio da indústria para as comunidades rurais africanas. Durante a feira, a instituição buscou fornecer uma plataforma para troca de ideias em toda a cadeia de coletores, produtores, comerciantes, consumidores e indústrias do ramo.
"A The Body Shop tem usado karité por mais de 19 anos e estamos firmemente empenhados em utilizar o nosso aprendizado para construir um setor sustentável", diz o diretor de comércio para comunidades da empresa inglesa, Mark Davis. "Como membro da Aliança Global, considero fundamental alcançar esse objetivo."
Outras commodities globais, como o café, foram associadas ao comércio justo. Por isso, muitas partes interessadas da indústria de karité aspiram criar essa associação para o produto. A presidente da Aliança Global de Karité, Salima Makama, está convencida de que as mulheres africanas que foram à Nova York para implantar melhores estratégias de fortalecimento estão no caminho para transformar a exportação de manteiga de karité em um "ouro real".

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O Doping das Crianças


O Doping das Crianças

O que o aumento do consumo da “droga da obediência”, usada para o tratamento do chamado Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, revela sobre a medicalização da educação ?


Um estudo divulgado na semana passada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deveria ter disparado um alarme dentro das casas e das escolas – e aberto um grande debate no país. A pesquisa mostra que, entre 2009 e 2011, o consumo do metilfenidato, medicamento comercializado no Brasil com os nomes Ritalina e Concerta, aumentou 75% entre crianças e adolescentes na faixa dos 6 aos 16 anos. A droga é usada para combater uma patologia controversa chamada de TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. A pesquisa detectou ainda uma variação perturbadora no consumo do remédio: aumenta no segundo semestre do ano e diminui no período das férias escolares. Isso significa que há uma relação direta entre a escola e o uso de uma droga tarja preta, com atuação sobre o sistema nervoso central e criação de dependência física e psíquica. Uma observação: o metilfenidato é conhecido como “a droga da obediência”.  

O boletim da Anvisa é uma indicação de que o uso abusivo do metilfenidato pode se tornar um problema de saúde pública no Brasil. A pesquisa é o ponto de partida para vários caminhos de investigação, inclusive jornalística. Por que Porto Alegre é a capital brasileira com maior consumo da droga? Por que o Distrito Federal é, entre as unidades da federação, a que registrou maior uso de metilfenidato? Por que Rondônia, entre os estados do norte, tem um consumo 13 vezes maior que o estado com menor consumo registrado? O que diferencia os médicos brasileiros, concentrados nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, que mais prescrevem o medicamento no Brasil? E por que os três maiores prescritores, dois deles profissionais do Distrito Federal, são os mesmos nos três anos pesquisados? Em 2011, as famílias brasileiras gastaram R$ 28,5 milhões na compra da droga da obediência – R$ 778,75 por cada mil crianças e adolescentes com idade entre 6 e 16 anos. É preciso seguir as pistas e compreender o que está acontecendo. 
A TDAH seria um transtorno neurológico do comportamento que atingiria de 8 a 12% das crianças no mundo. No Brasil, os índices são bastante discordantes, alcançando até 26,8% . Os sintomas considerados para o diagnóstico em crianças são: apresentar dificuldade para prestar atenção e passar muito tempo sonhando acordada; parecer não ouvir quando se fala diretamente com ela; distrair-se facilmente ao fazer tarefas ou ao brincar; esquecer as coisas; mover-se constantemente ou ser incapaz de permanecer sentada; falar excessivamente; demonstrar incapacidade de brincar calada; atuar e falar sem pensar; ter dificuldade para esperar sua vez; interromper a conversa de terceiros; demonstrar inquietação.  
Um parêntese. A droga tem sido usada por jovens e adultos de todas as idades, na crença de que ela potencializaria a atenção e o rendimento. É difícil quem não conheça alguém que já usou o medicamento para fazer provas na escola ou na universidade, assim como em vestibulares e concursos. O uso é disseminado no ambiente profissional, utilizado por quem quer melhorar seu desempenho ou precisa terminar um trabalho em prazo curto. Também é popular entre aqueles que querem ficar “bombados” para uma balada. Alguns recorrem ao mercado ilegal, outros simulam os sintomas de TDAH nos consultórios médicos para conseguir a receita. Sobre esse tipo de consumo há unanimidade: é totalmente contraindicado.
Entre as considerações finais, os autores da pesquisa da Anvisa, Márcia Gonçalves de Oliveira e Daniel Marques Mota, afirmam:
- Os dados demonstram uma tendência de uso crescente no Brasil. No entanto, a pergunta que precisa ser respondida é se esse uso está sendo feito de forma segura, isto é, somente para as indicações aprovadas no registro do medicamento e para os pacientes corretos, na dosagem e períodos adequados. O uso do medicamento metilfenidato tem sido muito difundido nos últimos anos de forma, inclusive, equivocada, sendo utilizado como “droga da obediência” e como instrumento de melhoria do desempenho seja de crianças, adolescentes ou adultos. Em muitos países, como os Estados Unidos, o metilfenidato tem sido largamente utilizado entre adolescentes para melhorar o desempenho escolar e para moldar as crianças, afinal, é mais fácil modificá-las que ao ambiente. Na verdade, o medicamento deve funcionar como um adjuvante no estabelecimento do equilíbrio comportamental do indivíduo, aliado a outras medidas, como educacionais, sociais e psicológicas. Nesse sentido, recomenda-se proporcionar educação pública para diferentes segmentos da sociedade, sem discursos morais e sem atitudes punitivas, cuja principal finalidade seja a de contribuir com o desenvolvimento e a demonstração de alternativas práticas ao uso de medicamentos.  
O documento pode ser lido na íntegra aqui.
Além do questionamento proposto pelos autores, outras perguntas podem e devem ser colocadas: existe um doping legalizado das crianças? A escola, em vez de olhar cada aluno a partir da sua história e de sua singularidade, está sendo agente de um processo de homogeneização e silenciamento de crianças e adolescentes considerados “diferentes”? Estaria a droga da obediência sendo usada como uma espécie de “método pedagógico” perverso? O que isso significa? E por que não há uma discussão mais ampla em toda a sociedade brasileira? 
A controvérsia sobre a droga da obediência e o chamado Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é grande. Por uma série de razões, porém, pouco chega à população. É comum ouvir nas ruas, nas escolas e nas festas infantis que alguma criança é “hiperativa”, já que o diagnóstico e a crença de que a suposta doença possa ser resolvida com uma droga se difundiu na sociedade. Para uma parcela significativa das pessoas, soa como uma daquelas verdades “científicas” inquestionáveis. 
Na realidade, os questionamentos são muitos. Há quem denuncie que os diagnósticos são mal feitos, levando à prescrição equivocada do medicamento. Há quem defenda que a doença sequer existe – seria uma invenção promovida pelo marketing da indústria farmacêutica. Para colaborar com o acesso ao que poderia ser chamado de “o outro lado do TDAH”, elenquei algumas das principais críticas e ponderações sobre a patologia e o uso da droga, feitas por pesquisadores das áreas da medicina, psicologia, psicanálise e educação. Todos os artigos citados – exceto um, ainda inédito – têm livre acesso e podem ser lidos na íntegra na internet. O foco principal é a relação entre a droga/diagnóstico e a escola, explicitada de forma inequívoca pelo boletim da Anvisa. 
A história da medicina é uma história também de como ela deixa de ser o estudo das doenças para passar a definir o que é a normalidade. “A medicina se atribui todo o universo de relações do homem com a natureza e com outro homem, isto é, a vida. Legislando sobre hábitos de alimentação, vestuário, habitação, higiene, aplica a esses campos a mesma abordagem empregada frente às doenças. Adotando (assim) um discurso genérico, aplicável a todas as pessoas, porque neutro”, afirma Maria Aparecida Affonso Moysés, professora titular de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, em um artigo muito interessante, intitulado “A Medicalização na Educação Infantil e no Ensino Fundamental e as Políticas de Formação Docente” (leia aqui). “Com o consentimento da sociedade, que delega à medicina a tarefa de normatizar, legislar e vigiar a vida, estão colocadas as condições históricas para a medicalização da sociedade, aí incluídos comportamento e aprendizagem. (...) É preciso abolir as particularidades, o subjetivo, a imprecisão, para que o pensamento racional e objetivo se imponha. Não se esqueça que o discurso médico, nesse momento – aliás, o discurso científico, em qualquer momento – está afinado com as demandas dos grupos hegemônicos.”   1) A medicina e a definição da “normalidade”
A medicalização, segundo a pediatra, é resultado do processo de conversão de questões sociais e humanas em biológicas – transformando os problemas da vida em doenças ou distúrbios. É neste contexto que teria surgido uma doença que impediria a criança de aprender, com outros nomes antes de ser registrada como TDAH. É assim que se medicaliza a educação, transformando problemas pedagógicos e políticos em questões biológicas e médicas. “O discurso médico irá apregoar a existência de crianças incapazes de aprender, a menos que submetidas a uma intervenção especial – uma intervenção médica”, afirma. E conclui: “A atuação medicalizante da medicina consolida-se ao ser capaz de se infiltrar no pensamento cotidiano, ou, mais precisamente, no conjunto de juízos provisórios e preconceitos que regem a vida cotidiana. E a extensão (e a intensidade) em que esse processo ocorre pode ser apreendida pela incorporação do discurso médico, não importa se científico ou preconceituoso, pela população. A medicina constrói, assim, artificialmente, as ‘doenças do não-aprender-na-escola’ e a consequente demanda por serviços de saúde especializados, ao se afirmar como instituição competente e responsável por sua resolução. A partir deste momento, a medicina se apropriará cada vez mais do objeto aprendizagem. Sem mudanças significativas, apenas estendendo seu campo normativo”. 
Em “Os Equívocos da Infância Medicalizada” (leia aqui), Margareth Diniz, professora da Universidade Federal de Ouro Preto, com doutorado em educação,
explicita a diferença entre “medicar” e “medicalizar”: “Medicar pode ser necessário, desde que caso a caso. Já a medicalização é o processo pelo qual o modo de vida dos homens é apropriado pela medicina e que interfere na construção de conceitos, regras de higiene, normas de moral e costumes prescritos – sexuais, alimentares, de habitação – e de comportamentos sociais. Este processo está intimamente articulado à idéia de que não se pode separar o saber – produzido cientificamente em uma estrututa social – de suas propostas de intervenção na sociedade, de suas proposições políticas implícitas. A medicalização tem, como objetivo, a intervenção política no corpo social”. 
2) A escola e o ciclo da medicalização da infância
O caminho que leva ao diagnóstico de TDAH e à prescrição da droga da obediência, entre os mais pobres e usuários da rede pública de ensino, inicia na escola, a partir das dificuldades de aprendizagem e/ou insubordinação de determinada criança ou adolescente. Como a família em geral não conseguiria dar uma resposta ao problema, a escola ou encaminha ao médico, ou aciona o conselho tutelar. Entre as crianças mais ricas, clientes do sistema privado de ensino, o ciclo é semelhante, com exceção de que estas não estão vulneráveis à tutela e à vigilância do Estado. Neste caso, a escola encaminha ao psicólogo e este ao neuropediatra – ou diretamente ao neuropediatra, que prescreve o medicamento.
Esta é a análise da psicanalista Michele Kamers, professora do curso de psicologia do Ibes-Sociesc, coordenadora dos cursos de especialização em psicologia hospitalar e da saúde e psicopatologia da infância e da adolescência do Hospital Santa Catarina, de Blumenau, e mestre em educação pela Universidade de São Paulo. No artigo intitulado “A Fabricação da Loucura na Infância: Psiquiatrização do Discurso e Medicalização da Infância”, ainda inédito, ela afirma que a escola se converteu em um mecanismo de inclusão da criança no campo do saber médico-psiquiátrico. “As escolas, as unidades de saúde e as clínicas privadas agenciam e legitimam a intervenção médica e farmacológica sobre a criança, fazendo com que a medicalização venha se convertendo na principal forma de tratamento utilizada para responder às demandas sociais realizadas pelas instituições de assistência à infância”, diz. “A medicina, juntamente com a assistência psicológica, social e pedagógica, forma uma rede de tutela e encaminhamentos múltiplos. A partir do momento em que a criança e sua família são capturadas, não conseguem mais sair.”
É corriqueiro, segundo Margareth Diniz, receber pais em busca de tratamento para seus filhos por exigência da escola. “Todos nós que nos ocupamos da clínica também estamos habituados com solicitações de tratamento de crianças a partir de uma exigência da escola em relação à sua inadaptação, ou inadequação às regras mais elementares de seu aprendizado e de sua socialização. Normalmente são os pais, mais especificamente as mães, que nos formulam esse pedido. O que torna esses pedidos curiosos é que, invariavelmente, trazem consigo um enunciado pedagógico nos seguintes termos: ‘A escola chegou à conclusão que esta criança necessita de um acompanhamento’”.
A psicóloga Renata Guarido, que defendeu uma tese de mestrado na Universidade de São Paulo intitulada “O Que Não Tem Remédio, Remediado Está: a Medicalização da Vida e Algumas Implicações do Saber Médico na Educação”, mostra como a criança passou de objeto da pedagogia a objeto da medicina. Renata afirma que a medicina passou a determinar quem era “educável ou ineducável” (leia aqui): “Vemos as crianças e suas famílias submetidas ao poder exercido pela constituição de um domínio do saber médico-psicológico, sem que o contexto de seus sofrimentos, bem como sua possibilidade de tratamento, sejam orientados para outras formas de consideração da subjetividade, que não a normalizante e de ‘treinamento’”.
Em sua análise, Renata reforça como são corriqueiras hoje nas escolas as cenas em que professores e coordenadores dão o diagnóstico de TDAH diante de determinados comportamentos das crianças e adolescentes, encaminhando-os para avaliação psiquiátrica, neurológica e psicológica. Também já faz parte da rotina professores e outros agentes escolares perguntarem aos pais de um aluno em tratamento se ele foi corretamente medicado naquele dia. “Tais procedimentos nos permitem entrever que estão crentes de que a variação no uso do remédio é responsável pela variação dos comportamentos e estados psíquicos das crianças, e que esta não teria nenhuma relação com variações, mudanças ou experiências no interior do cotidiano escolar. (...) Ao assumir e validar o discurso médico-psicológico, a pedagogia não deixa de fazer a manutenção dessa mesma prática, desresponsabilizando a escola e culpabilizando as crianças e suas famílias por seus fracassos”.
3) A criança como objeto, não mais como sujeito 
Entre as principais críticas feitas por aqueles que alertam para o processo de medicalização da infância – e especificamente sobre o TDAH e a droga da obediência – está a constatação de que as crianças deixam de ser escutadas na sua singularidade, como um protagonista que tem uma história e está inserido num contexto familiar e social, para se tornar um objeto com uma falha no corpo, sujeito à intervenção e à correção por medicamentos. Assim, as crianças e adolescentes têm sido calados naquilo que estão tentando dizer a pais e professores, em nome de um ideal de “normalidade” determinado pelo olhar médico e legitimado e reproduzido pela escola – e também pelos dispositivos de vigilância do Estado. O que se cala são os conflitos – que deveriam ser os propulsores do ato de educar.
Em O Livro Negro da Psicopatologia Contemporânea (Via Lettera, 2011), o psicanalista Alfredo Jerusalinsky escreve um capítulo intitulado “Gotinhas e comprimidos para crianças sem história – uma psicopatologia pós-moderna para a infância”. Ele afirma: “Não se questiona o que quer dizer este ponto, esta palavra ou este gesto fora do lugar. (...) Na trajetória que estamos descrevendo, foi se apagando esse esforço por ver e escutar um sujeito, com todas as dificuldades que ele tivesse, no que tivesse para dizer, e foi-se substituindo o dado ordenado segundo uma nosografia (descrição das doenças) que apaga o sujeito. (...) É assim que os problemas deixam de ser problemas para serem transtorno. É uma transformação epistemológica importante, e não uma mera transformação terminológica. Um problema é algo para ser decifrado, interpretado, resolvido; um transtorno é algo a ser eliminado, suprimido porque molesta. Os nomes das categorias não são inocentes”. Escrevi sobre este livro na coluna “Os Robôs Não Nos Invejam Mais”, que pode ser lida aqui.
Em artigo já citado, Renata Guarido mostra que não é calada apenas a voz dessas crianças e adolescentes classificados como fora do padrão de uma pretensa normalidade. Mas até mesmo o seu nome é apagado. “Não é incomum observar, nas unidades de saúde ou mesmo nas escolas, que o nome do paciente ou do aluno seja substituído por sua classificação diagnóstica – estranha nomeação dos indivíduos que põe em relevo o lugar que ocupam na escala normal”, diz Renata. “A medicalização em larga escala das crianças nos tempos atuais pode ser lida também como apelo ao silêncio dos conflitos, negando-os como inerentes à subjetividade e ao encontro humano. Que o discurso pedagógico contribua para a manutenção desse tipo de recurso deve ser objeto constante de crítica em direção à possibilidade de que o lugar do ato educativo seja redefinido.”
Em “Hiperatividade: o ‘Não Decidido’ da Estrutura ou o ‘Infantil’ ainda no Tempo da Infância”, as psicanalistas Viviane Neves Legnani, professora da Universidade de Brasília (UnB), e Sandra Francesca Conte de Almeida, professora da Universidade Católica de Brasília, refletem sobre a TDAH a partir da descrição de um caso concreto (leia aqui). Elas afirmam : “Nossa experiência com escolas permitiu observar que muitos professores se servem dos indicadores descritivos que acompanham o diagnóstico de TDAH para sustentar uma prática pedagógica ‘didaticamente planejada’ para lidar ‘com os difíceis alunos portadores de hiperatividade’. O preço deste planejamento, no entanto, nem sempre é considerado: a impossibilidade de a criança encontrar o seu lugar na escola, a partir de sua singularidade. Como consequência da padronização pedagógica, ‘cientificamente’ estruturada, tem-se que o educador não escuta e não legitima a palavra dita pela criança, já que esta é vista como ‘doente’ e, portanto, incapaz”.
4) Ninguém se responsabiliza – ou por que a medicalização prospera
Não é apenas a escola que se desresponsabiliza, quando aquilo que pertence ao humano é tratado como patologia, mas também a criança e o adolescente, na tarefa de criar uma vida. Ao serem classificados como doentes ou portadores de um transtorno, e ao introjetarem este ser/estar no mundo como doentes ou portadores de um transtorno, é o diagnóstico que lhes determina o destino. Na hipótese de realizar qualquer conquista, ela é computada na conta da droga. Em “O Sujeito Refém do Orgânico” (leia aqui), Renata Guarido afirma: “Crianças e adultos, sendo desresponsabilizados de sua implicação com aquilo que lhes acontece, tornam-se também impotentes para atuarem sobre seus sofrimentos e aprendizados. E a impotência é então mais um efeito deste discurso biológico. Só é visto como potente o especialista que saberia o que fazer diante do diagnóstico que profere. Sendo o aprendizado descrito como efeito do funcionamento cerebral, da estimulação correta deste órgão que nos governa, temos sua descrição reduzida a uma dimensão privada, que ocorre no interior do indivíduo e não a partir do laço entre dois ou mais sujeitos. Ou seja, o aprendizado perde o caráter de ser fruto da ação humana, dimensão do encontro na pluralidade própria do mundo público, onde produzimos história”.
Margareth Diniz analisa por que a aceitação desse discurso ecoa na sociedade e é por ela reproduzido: “A criança e o adolescente esperam do outro que lhe responda algo acerca do enigma de sua existência, e os outros esperam das crianças que se conduzam na vida de modo a responder aos seus ideais. A fim de salvar os pais de tamanha angústia diante do não saber, surgem as tentativas de tornar científicas as respostas a estas questões, na busca de aplacar o mal-estar. A ciência começa a forjar um saber que não pertence nem ao pai, nem a mãe. Estes são levados a interferirem cada vez menos na educação dos filhos. Entra em cena a figura dos especialistas, autorizados principalmente pelo discurso da mãe, que demonstra um verdadeiro fascínio pela promessa de um saber total, sem furos”.
Não são apenas os professores, mas também os pais que passaram a exigir diagnóstico e medicamento para calar os conflitos na escola e dentro de casa. Afinal, é muito mais fácil lidar com uma “doença”, quase uma fatalidade, que diz respeito apenas ao funcionamento de um corpo e para a qual existiria uma pílula milagrosa, do que escutar o que uma criança ou um adolescente está dizendo com seu comportamento. “Os pais acusam as escolas de rotular suas crianças de hiperativas indiscriminadamente, antes mesmo de obter um diagnóstico médico, mas há relatos de que também alguns pais impacientes andam utilizando o diagnóstico de hiperatividade como desculpa para entupir seus filhos de remédio e mantê-los ‘sossegados’, daí que o medicamento tenha sido batizado por ‘droga da obediência’”, afirma Margareth. “Isso os desculpabiliza por não estarem dando conta de impor limites aos filhos, por exemplo, em relação à hora de dormir ou de desligar seus computadores e jogos eletrônicos.” 
5) O marketing da indústria farmacêutica
O transtorno de hiperatividade pode ser um daqueles casos em que a droga ajuda a moldar o diagnóstico. Críticos da medicalização afirmam que não é comprovada a existência de uma doença que só altere o comportamento e a aprendizagem. Neste sentido, a disseminação do diagnóstico de TDAH inverteria a lógica da medicina, na qual seria preciso primeiro comprovar a doença e depois tratá-la. O fenômeno obedeceria mais à lógica do mercado do que a da saúde – com a relação próxima e, em alguns casos, promíscua, entre laboratórios e médicos. “A ligeireza (e imprecisão) com que as pessoas são transformadas em anormais é diretamente proporcional à velocidade com que a psicofarmacologia e a psiquiatria contemporânea expandiram seu mercado. Não deixa de ser surpreendente que o que foi apresentado como avanço na capacidade de curar tenha levado a ampliar em uma progressão geométrica a quantidade de doentes mentais”, alertam Alfredo Jerusalinski e Silvia Fendrik em O Livro Negro da Psicopatologia Moderna.
“A produção de saber sobre o sofrimento psíquico encontra-se associada à produção da indústria farmacêutica de remédios que prometem aliviar os sofrimentos existenciais. O consumo em larga escala dos medicamentos e o crescimento exponencial da indústria farmacêutica tornam-se elementos indissociáveis do exercício do poder médico apoiado em um saber consolidado ao longo do século XX”, analisa Renata Guarido. “Se a psiquiatria clássica, de forma geral, esteve às voltas com fenômenos psíquicos não codificáveis em termos do funcionamento orgânico, guardando espaço à dimensão enigmática da subjetividade, a psiquiatria contemporânea promove uma naturalização do fenômeno humano e uma subordinação do sujeito à bioquímica cerebral, somente regulável por uso de remédios. Há aí uma inversão não pouco assustadora, pois na lógica atual de construção diagnóstica, o remédio participa da nomeação do transtorno. Visto que não há mais uma etiologia (estudo das causas da doença) e uma historicidade a serem consideradas, pois a verdade do sintoma/transtorno está no funcionamento bioquímico, e os efeitos da medicação dão validade a um ou outro diagnóstico.
Estes cinco pontos são apenas algumas pistas para compreender o crescimento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade entre as crianças e adolescentes e a disseminação da droga da obediência. Dito de outro jeito, questionar o aumento dos “anormais” nas escolas brasileiras. Ou dos “desobedientes”. A falta de espanto de pais e professores diante do fenômeno mostra como a medicalização está naturalizada na sociedade brasileira. Afinal, parte destes pais e professores também fazem, no seu próprio cotidiano, o uso de drogas legais para silenciar suas dores humanas. Por que acreditariam que com seus filhos e alunos seria diferente? Drogar-se, legalmente, é uma marca da nossa época.
Ninguém sabe quais serão os efeitos a longo prazo do uso contínuo do metilfenidato sobre o cérebro em formação das crianças. O que acontecerá no futuro com essa geração legalmente drogada ainda é uma incógnita. Pelo menos, valeria a pena pensarmos no presente: por que estamos dopando crianças e adolescentes em vez de tentar escutá-los e entendê-los em sua singularidade? E o que isso diz sobre nós, os adultos?    

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O futuro dos alimentos

O Futuro dos Alimentos

«O Futuro dos Alimentos é um filme-documentário norte-americano realizado em 2004 sobre as mudanças que se estão a verificar na natureza da nossa alimentação, sem que muitos de nós tenhamos conhecimento do seu conteúdo nem das suas consequências para a saúde e para o planeta em geral.

Trata-se de uma profunda investigação sobre os bens alimentares geneticamente modificados, cujas sementes e características estão a ser registadas e patenteadas pelas grandes empresas multinacionais que assim passam a monopolizar cada vez o agro-negócio e a dominar em absoluto o mercado global dos produtos alimentares, com a consequente perda de biodiversidade a favor de uma monocultura promovida centralmente pelas grandes empresas transnacionais.

Desde as pradarias de Saskatchewan, Canadá, aos campos de Oaxaca, no México, este filme dá voz aos agricultores que foram afectados por estas mudanças. Os perigos para a saúde, as políticas governamentais e os lobbies globais são algumas das razões porque muitas pessoas estão alarmadas pela introdução de alimentos alterados geneticamente.

Filmado nos Estados Unidos, Canadá e México, "The Future Of Food" analisa a complexa malha de forças políticas e económicas que estão a alterar o que comemos à medida que enormes multinacionais procuram controlar o sistema alimentar mundial.

O filme também explora as alternativas para a agricultura industrial, colocando a agricultura biológica e sustentável como soluções reais para a crise agrícola actual.»

SIMPLES

Na contramão da sociedade contemporânea, homens e mulheres optam por uma vida mais simples. Eles garantem que são mais felizes. Conheça as histórias

Você pode ter passado a vida inteira, ou parte dela, ouvindo a expressão: tempo é dinheiro. Conhecido de perto um universo em que ter do "bom e do melhor" é sinônimo de uma vida sossegada. Também deve ter escutado, e acreditado, que comprar roupas, sapatos e supérfluos alivia o estresse, principalmente, das mulheres durante a tensão pré-menstrual (TPM). Que shopping é e será um dos melhores lazeres desta vida moderna. Agora, suponha que tudo isso virasse de cabeça para baixo. Em nome da simplicidade do ser, homens e mulheres, de idades diferentes, chacoalharam esses velhos conceitos cada vez mais impostos à sociedade e optaram, sem culpa e com leveza, por uma vida simples. Acreditam que precisam de pouco para se satisfazer e asseguram que o lucro com tudo isso não se vende nem se troca, e tem nome: felicidade.  Não se trata de um movimento, mas um fenômeno sem causa única e nenhuma regra. Essas pessoas estão, aos poucos, caminhando por conta própria em busca da simplicidade, sem fazer publicidade disso. Alguns mudaram de cidade, outros conseguiram isso morando em uma capital como Belo Horizonte. E não estão sós. A tal simplicidade já chama a atenção do mundo, já que grandes homens, que poderiam esbanjar mordomias, disseram "não" a elas e a tudo que elas remetem.

BONS EXEMPLOS

Mas não é preciso ir a Roma ou ao Uruguai para conhecer pessoas que apostam nesse modo de vida. O Bem Viver conheceu bons exemplos dessa vida simples. São guerreiros que nadam contra a maré em uma sociedade que, cada vez mais, valoriza o supérfluo como a garantia para ser feliz. "Hoje, o que predomina é o consumismo mais exacerbado, mas se há grupos buscando essa simplicidade é um sintoma de que essa exaustão das buscas frenéticas acaba não levando a lugar nenhum", comenta o psicólogo, psicanalista e doutor em filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Carlos Roberto Drawin. Certos de que há muito mais quando se tem menos, os entrevistados para esta reportagem servem como verdadeiras lições de vida. Maria Madalena Aguiar, de 66 anos, diz ser "feliz demais" em levar uma vida baseada na simplicidade e acredita, por exemplo, que está mais perto de Deus. Já Guilherme Moreira da Silva, de 56, mora em um sítio em Macacos, na Grande BH, e garante que "ser simples" traz a ele conforto, alegria, prazer e felicidade. A mesma sensação tem Priscila Maria Caliziorne Cruz, de 23, que ao optar por esse estilo de vida diz ter ampliado sua consciência, ficando mais inteira e presente na vida. "A simplicidade nos obriga a olhar para nós mesmos", comenta o frei Jonas Nogueira da Costa, que desde menino se encantou pela vida de São Francisco de Assis e adotou a espiritualidade franciscana. Para a advogada Débora Paglioni, de 23 anos, ser simples vai muito além de ter dinheiro. "Tem a ver com bem-estar e consciência", afirma.

SOMENTE O NECESSÁRIO

Carro, só ser for para locomoção. Telefone é para se comunicar, não precisa de touch screen nem aplicativos mirabolantes. Roupas ou sapatos novos somente quando forem de extrema necessidade, afinal, para quê mais? Comer bem não é ir a restaurante refinado, mas aquilo que é feito em casa. Ter uma vida simples passa por muitas dessas posturas, que não são regras. Mas quem decide viver com o que é necessário nega o que hoje é tão valorizado, como a corrida disparada pelos melhores celulares, casa, carros e as mais belas joias. E acaba consciente de que o tempo e a energia investidos para a aquisição de coisas podem minguar as oportunidades de conviver com o outro, de buscar a espiritualidade, autoconhecimento e senso de comunidade. É como se essas pessoas se abrissem mais para o mundo ao seu redor e dissessem: "Desapeguei". Talvez por isso, elas são serenas, sorridentes e leves, vivendo somente com o necessário, aquilo que para elas é essencial.